Revista Veja: Prodígio legal Entidade do BB produz um advogado-fenômeno

R E P A S S A N D O
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Justiça
Prodígio legal Entidade do BB produz um advogado-fenômeno

Surgiu um fenômeno da advocacia do país. Trata-se do advogado gaúcho Ivo Evangelista de Ávila, de 48 anos, há 23 morando em Brasília. Seu escritório ocupa dois andares de um prédio onde ficam as bancas mais renomadas da capital federal, conta com o auxílio de onze advogados e vive às voltas com 8.000 ações, todas sobre direito econômico. Para se ter uma idéia do volume, o maior escritório de advocacia do país, na área trabalhista, tem 13.000 ações. O império surgiu nos últimos cinco anos. Em 1993, o advogado ocupava um escritório modesto em um shopping popular de Brasília. O salto deu-se quando ele cruzou com o bancário Valmir Marques Camilo, o presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, Anabb, entidade que reúne 92.000 servidores do banco e é um celeiro de diretores da Previ, fundo de pensão do banco, célebre pelo gigantesco patrimônio de mais de 20 bilhões de reais. O próprio Valmir Marques Camilo foi eleito neste ano para ocupar uma cadeira de conselheiro da Previ.
Uma auditoria na Anabb, feita recentemente pela KPMG, mostra que, entre 1995 e este ano, o amigo Valmir Marques Camilo abriu processo em nome de 45.000 funcionários do banco e entregou 36.000 bancários nas mãos do advogado Ivo Evangelista de Ávila, sem fazer levantamento de preços na praça, e ainda o presenteou com 1,5 milhão de reais a título de "adiantamento". "Essa situação pode ser interpretada como financiamento pela Anabb de parte da estrutura dos escritórios de advocacia", diz o documento da KPMG, de 56 páginas. O "adiantamento", que serviu de mola propulsora do escritório, foi um negócio da China para o advogado. Diz ele que paga juro de poupança, uma raridade no mercado. Mas, no contrato do tal "adiantamento", nem se fala de juros. Do total, ele já devolveu 445.000 reais. "Foi um empréstimo, sim, mas estamos pagando tudo em dia. Assinei até uma nota promissória", diz o advogado emergente. "Se eu ganhar as ações, devolvo com o que vou receber. Se perder, pago do bolso."
"Foi uma decisão política, e o dinheiro será todo devolvido", diz o presidente da Anabb, Valmir Marques Camilo, argüindo que não fez nada de errado. Mas fez, sim. No estatuto da entidade, nenhuma cláusula permite emprestar dinheiro a quem quer que seja, pelo motivo óbvio de que a Anabb é uma associação de funcionários não um banco. Funcionário do BB há duas décadas, Valmir Camilo, 46 anos, entrou para a Anabb há seis e a preside há três. Há três meses, os conselheiros, desconfiados de algumas estripulias administrativas, resolveram contratar uma auditoria. Quando soube da decisão, o presidente chegou a mandar carta à KPMG desautorizando a realização da auditoria e, caso fosse feita assim mesmo, ele já se antecipava e proibia que viesse a público. Tinha lá seus motivos. Além do empréstimo amigo ao advogado, a KPMG descobriu que até uma ajuda-moradia, de 1.500 reais, tem destino torto. Valmir Camilo "alugou" a casa de suas três cunhadas.

REVISTA VEJA
Por: Alexandre Oltramari

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